quarta-feira, 24 de novembro de 2010

POESIA

Nunca tinha caído assim tão fortemente a ficha


de que somos apenas pensionistas da vida,

apesar de desde menina ter descoberto

que todos nós estamos aqui

apenas de passagem!

Gosto da Marina Colasanti por isso:

suas verdades, mesmo sendo

tão óbvias e tão simples, nos dão alfinetadas.

Pelo menos é assim que funciona comigo.

Que saibamos então tornar grandes

os pequenos momentos

e transformar o nosso quarto

num castelo, em nosso santuário,

onde ele possa servir de proteção e de abrigo,

mas que jamais deixemos que o medo nos afaste

da janela e desse nosso contato

gostoso com o mundo e com as pessoas.

O externo também é muito importante,

mesmo que alguns neguem.

Não somos ilhas, mesmo nos dando

tão bem conosco

e com o nosso íntimo!

Não nos bastamos.

Não sempre.

Que tentemos conservar o nosso quarto

arrumadinho a todo instante,

assim não teremos

muito trabalho na hora de o devolvermos,

se possível ainda mais belo

do que como o recebemos:

agora ele fará parte de nós, e nós dele.

Haverá uma história morando ali,

ainda que nós não mais.













Glória Salles

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